sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Como fazer um projeto cultural bem-sucedido
Como fazer do seu projeto cultural um sucesso? Não existe uma única resposta para essa questão, afinal, cada caso é um caso. Mas uma ótima estratégia para quem está elaborando um projeto é avaliar bons exemplos e entender quais foram seus acertos. O Festival Back2Black, por exemplo, é um evento que teve três edições bem-sucedidas em território nacional e, neste ano, alçou voos mais ambiciosos. O festival foi incluído na agenda das Olimpíadas Culturais, que ocorreram como preparação para os Jogos Olímpicos de Londres, em julho. Pelos palcos montados num edifício onde já funcionou um mercado de peixe, à beira do Rio Tamisa, passaram nomes como Marcelo D2, Criolo, Arnaldo Antunes e Gilberto Gil, para citar os mais conhecidos. Os 7.700 ingressos postos à venda esgotaram. Para Bel Kurtz, coordenadora de produção do Back2Black, ocupar um espaço tão inusitado não foi o maior dos desafios. As edições nacionais tinham um esquema de produção semelhante, sendo organizadas dentro de uma estação abandonada, no bairro de Leopoldina, no Rio de Janeiro. “ A Leopoldina é um lugar especial e requer muito trabalho e cuidado. Quando você entra lá com o espaço vazio é impossível acreditar que em 20 dias ela se transformará tanto. Todo ano a última semana é repleta de noites viradas e muito corre corre para chegar na sexta feira e abrir as portas”, afirma. Levar o conceito para lá do Oceano Atlântico exigiu esforço redobrado, segundo ela. Mas valeu a pena. “Queríamos fazer tudo perfeito como fazemos aqui e nem sempre foi possível, cada conquista era muito mais suada e gratificante”, declara. Na mão contrária, o Festival de Documentários Musicais In-Edit é um projeto nascido em Barcelona, na Espanha, que foi muito bem assimilado pelo público brasileiro, com edições em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Segundo Marcelo Andrade, diretor artístico do evento, o grande desafio é combinar agendas de entrevistados e das distribuidoras com suas previsões de lançamento dos filmes. Só na edição deste ano, foram quase 80 produções exibidas em 10 dias. O obstáculo inicial para Marcelo, no entanto, é o mais difícil de ser superado, seja em projetos “importados” como é o caso do In-Edit, ou em projetos nacionais: o financiamento. Para acontecer o festival utiliza duas leis de incentivo, a Lei Rouanet e o Programa de Ação Cultural de São Paulo (ProAC). “Para um festival ainda que ainda está lutando para se estabelecer no calendário, nem sempre conseguimos captar o valor completo permitido. Então a solução é usar a criatividade na administração do orçamento para levar o projeto em frente e fazer o melhor trabalho possível”, explica. Bento Andreato, sócio da produtora de conteúdo cultural Andreato, afirma que o caminho é longo desde a concepção até a execução de qualquer ideia. A empresa dele foi responsável pelo Bossa 50, projeto que buscou recapitular através de uma série de ações um dos períodos mais importantes para a música brasileira, a criação da Bossa Nova, e contar seus desdobramentos até os dias atuais. Ele conta que o primeiro passo para construir um projeto completo e atraente aos patrocinadores foi constituir um time de curadores de peso, entre eles Nelson Mota, Charles Gavin, Ronaldo Fraga e Zuza Homem de Mello. “Um projeto desse tipo tem várias etapas cíclicas. A primeira é desenvolver o esqueleto do que ele será, depois elaborar uma bela apresentação, um belo orçamento, aprovar na Lei e sair ao mercado”, explica. Foram dois anos trabalho até o projeto ser executado. Andreato afirma que essa é uma etapa fundamental para o trabalho. Ele dá as dicas para quem quer ter um caso de sucesso para apresentar no futuro: “Primeiro, fazer um excelente material de apresentação do projeto, com impressos e audiovisual. Segundo, incluir nos custos um valor razoável de compra mídia, os patrocinadores querem saber quanto vão aparecer. Terceiro: somente a mídia convencional não basta, tenha uma boa assessoria de imprensa, utilize as redes sociais com páginas próprias do projeto.”
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