terça-feira, 23 de agosto de 2011

Uma das melhores resenhas de Tia Rafaela que já li.

Agradeço ao Glauber, pela belíssima resenha escrita no blog Skoob, somente hoje tive a oportunidade de ler.
Agradeço todos os comentários e aproveito a oportunidade para pedir a força e o apoio de todos os leitores na divulgação do livro Tia Rafaela. Se não encontrar o livro em sua cidade, faça sua reclamação em forma de comentário. Encaminharei para a editora Pandabooks.

Abaixo a resenha citada acima:

Livro interessantíssimo. O fato do caso ser real o torna muito mais interessante para qualquer análise. Não obstante, o caso em si é instigante, já que se trata de uma exceção ao que estamos acostumados a ver viabilizado na mídia convencional. Gostaria de citar alguns pontos que me chamaram mais a atenção e, claro, falar dos pontos fracos da obra. A impressão que tive é que esse livro é um tipo de "bildungsroman" (estilo de romance em que o desenvolvimento psicológico, social etc., do protagonista é exposto de forma simplificada de sua infância até a idade adulta). Esse foi um dos motivos pelos quais ele me lembrou muito o livro "House on Mango Street" (recomendo!), assim como pelo seu formato, composto por pequenos recortes da história, que, ao serem colocados juntos, conseguem narrar uma história muito mais complexa. Também me pareceu muito interessante a forma como foi narrada a história. O autor, também personagem principal, conseguiu fazê-lo de forma que causasse no leitor sentimentos entre o asco/repulsa e a excitação. Ao ler, a impressão que temos é que lemos um conto erótico e, por vezes, esquecemo-nos de que se trata uma criança de onze anos (até porque o autor já é um adulto ao narrar a história). Uma leitura fácil, rápida, que nos envolve e que nos faz querer cada vez mais. A próximidade do leitor com o autor fica clara. Essa aproximação com a realidade é outro facilitador da leitura. Quanto ao aspecto psicológico do personagem principal, sua ligação com tia Rafaela e a dificuldade de separação da mesma, quase que como se ele tivesse obrigação de ficar com a mesma, seja por respeito/admiração, ou por gratidão, muito me remeteu à síndrome de Estocolmo, uma vez que o 'prisioneiro' sente-se protegido e dependente daquele que o aprisiona. Claro, não podemos deixar de citar Freud e o complexo de édipo, pois o que nos parece doentio e repulsivo, já foi dito ser aspecto de todo ser humano, uma nutrição de um desejo sexual derivante de um sentimento maternal, que o personagem expõe não só por tia Rafaela, mas por outras relações de parentesco (para com seu padrasto e por sua pseudo-irmã). Ou seja, seu desenvolvimento hormonal, sua fase de descoberta do corpo e do desejo sexual, não conseguia ser ligada a outr@s que não as pessoas de maior proximidade - familiares. O final me pareceu surpreendete e muito me agradou o fato de que história não tenha ficado no senso comum, mas tenha quebrado as barreiras dos padrões de gênero e sexualidade, levando-nos a questionar o tipo de normatividade que nos é imposta e que, na maioria das vezes, nem nos damos conta. Analisamos, assim, até onde vai a nossa transgressão à regra, até que ponto somos, de fato, livres de preconceito, quais são nossos tabus, como e porque nossas atitudes e convicções afetam direta ou indiretamente a vida de outrem. De certo, aqueles que têm filhos vão se questionar quanto ao posicionamento diante de certos assuntos para com seus filhos. De que maneira abordar assuntos concernentes ao âmbito sexual com crianças e adolescentes. O quão permissivos ou opressores deve-se ser. São questões que afligem a todos e que pouco são discutidas. A única crítica que teria a fazer seria quanto ao uso do registro em certas partes do discurso direto. Pareceu-me estranho que, nas falas, uma criança de onze anos tivesse tanta precisão e certidão quanto ao uso de estruturas gramaticais mais complexas e regências nominais e verbais que não utilizamos em nosso dia-a-dia. Para concluir, creio que devemos agradecer à coragem e audácia do autor, que abriu sua vida ao público como quem abre seu diário a um amigo próximo, certamente não apenas para se ajudar, como também para alertar aqueles que podem estar passando por situação semelhante. Esse é um romance que, SIM, deve ser recomendado. Qualquer livro que nos faça refletir quanto a questões éticas, morais e sociais deve ser recomendado. Só assim criaremos um ambiente mais livre para debates sobre assuntos importantes. Só assim poderemos previnir que casos do tipo continuem acontecendo.                                                         

Um comentário:

  1. Gente, minha resenha tá aqui! haha! Nossa, se eu soubesse que o autor do livro ia ler o que escrevi, teria feito uma revisão do texto... tá cheio de erros! rs! Mas obrigado por ter gostado e postado! :D

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